Enquanto, em vão esperava p’lo destino
Em vez de se tornar na própria estrada
A vida fez-se tarde, e foi ficando só, sem um caminho
Pra sair da encruzilhada
Acreditou nos contos e, nos ditos
Nos outros, na abstrata providência
Em vez de acreditar em si, que era mais esperto
Preferiu o incerto, de que quem espera sempre alcança
Há muito sere assim, sem o saber
Há muito quem não viva a própria vida
O estar aqui, o querer, o ser feliz
É mais moda que facto por medida
Há sempre que aventar algumas coisas
Nem todo o saber é bom conhecimento
Às vezes é preciso ter cuidado, pra não ser levado
Pra lá do entendimento
São grandes os mistérios, os enredos
Severas são as penas, os castigos
Que fazem da consciência o próprio medo, que nos trilha o fado
Que nos encurta os sentidos
Há muito sere assim, sem o saber
Há muito quem não viva a própria vida
O estar aqui, o querer, o ser feliz
É mais moda que facto por medida