Eu já enfrentei tempo feio
Em tarde de vento norte
E já enrolei no relho
Cruzeira que dava bote
Já me arrisquei por bem pouco
Já desconfiei do bastante
Não atropelo nas pedras
E nem galopo no lançante
Sou deste jeito
Um taura da moda antiga
E o meu destino na vida
É levar o Rio Grande na goela
Vou pra janela
Coringar as chinas que passam
Quem sabe por ser de sorte
Me sobre um olhar de graça
Ando sempre canariando
Acordando as madrugadas
Não gosto de mate morno
Nem bebo canha gelada
Não uso terno sem marca
E nem faca que não corte
Sou cantador do meu pago
Tomo uns tragos e tenho sorte
Não gosto de lenço curto
Nem de pelego tingido
Quem fica me analisando
Não serve pra meu amigo
Não se estendo em sombra alheia
Nem reclamo do que faço
Enrolada e china feia
Não descansa no meu braço