Noite púrpura
Rios por ela
Noite tão muda
Dentro das celas
Lua amarga
Nublada de sonhos
Rua vazia
Muros medonhos
Pedras firmadas
Esmagando flores
Postes sem cores
Aclarando o nada
Terra cortada
Anti-natural
Vista apagada
Não há mais quintal
Aves tantas tão azuis
O escuro as seduz
Arrancadas suas penas
Raptadas por antenas
É azul
Profundo
Vem de dentro
Cobre tudo
Mar sombrio e revolto
Mata a alma e o corpo
Solitário naufragar
As ondas a derrotar
É azul
Profundo
Vem de dentro
Cobre tudo
Leva embora
As vontades
É azul
A tempestade
Portas trancadas
Percepções proibidas
Janelas fechadas
E abertas feridas
Acumulam partidas
Paredes de dores
E os dissabores
Apontam a saída
Muros concretos
Na mente um deserto
Do lado avesso
Achar um começo