Jogando baralho no terreiro grande
No meio de homens fortes
Eu estava jogando com a sorte
Um desconhecido chegou bem vestido
E me pediu o corte
Eu disse-lhe: jogo até com a morte
Mas se acaso ganhar
Não vá sorrir e nem zombar
Que hoje é meu companheiro
Não vá levar meu dinheiro
Não sou brigador
Mas se perder e não pagar
Eu vou bater no senhor
Ele me disse és um terror
Fiz um macete de valete e dama
O vargo perde e não reclama
E diz que lama
Puxou de uma bolada e me desacatou
Depois a sorte me deixou
Ele tomou do lesco e esfoliou
Fiquei sozinho, sem um companheiro
Porque perderam o seu dinheiro
Depois ele sorrindo me disse:
Desista porque eu sou trigueiro
Eu sou o Chico tintureiro, o Zé carneiro
Fiz umas paradas, mas eu tinha um peso
Eu já estava quase pronto, acabei teso
Puxei minha “solige” e fiz o pelo sinal
Ele me disse isto é que é mal
Deus me defenda do senhor
Falei em Deus, mas sem má intenção
Mas para mim foi muito bom
Porque deu um estouro e sumiu
Era o capeta, mete cabelão
Mas que cheirinho de alcatrão
Via bom, se a mão no feijão
Pois vou comprar feijão tá caro pra burro
Mas eu vou comprar feijão
E saí pela tangente e subi o morro de novo
E to aqui tranquilo