São homens que vivem martírios constantes
E as dores de ontem não sabem apagar
E trazem no corpo no peito na fronte
A cor das tristezas e o ódio no olhar
Já outros mais rudes mais duros sem alma
Que assim conseguindo uma espécie de calma
São frios tão sombrios sem glória ou fracasso
Preenchem com sangue dos peixes seu vácuo
Mas há realmente uma espécie escolhida
De homens que são parecidos com o mar
São homens, são pedras, são barcos, são ilhas
São mãos procurando o amanhã pra abraçar
Instáveis serenos, com a alma explosiva
Pra quem pouco importa sorrir ou chorar
São homens com gosto dos frutos da vida
Com histórias sofridas e canções pra cantar
Sim e um grande vazio, os homens são como ilhas
Salpicando a imensidão dos oceanos
Como o suicídio ininterrupto dos vagalhões
Ameaçadores contra os rochedos, uns após os outros
E depois só o farfalhar de espumas, o grajear
Distante de uma ave marinha, que parece
Reverberar na cúpula de uma catedral
Feita de nada e de nuvens