Eu nem me dei conta que o tempo passou
Branqueando a melena, o espelho avisou
Os quartos de Lua gelaram invernos
Que o Sol de verão outra vez esquentou
Os passos deixados marcaram caminhos
Quem sabe destinos nessa trajetória
A vida nos leva a buscar horizontes
Pois somos poente no final da história
Mas hoje bem cedo notei que o arvoredo
Está abandonado com frutas no chão
Somente os sabiás vêm provar os sabores
E enfeitar de cores minha solidão
Cadê os piás que faziam a festa
No pátio das casas e nos arvoredos
Descascando sabores dos tempos de infância
Melena de geada, a solidão dá medo
Só tem um sentido, a vida é um momento
São folhas caducas que caem no chão
Revelando plantas e almas dormentes
Que sempre renascem na nova brotação