Madame Maldade chegou na janela
Do apartamento
Deu aquela inspecionada
Ali no movimento
Foi até bater panela
Gritou palavrão
Madame Maldade ai que saudade que sente
Do tempo em que tinha
O maior respeito
Das empregadinhas
De uniforme engomado
Ostentando co’orgulho
O brasão do patrão
Madame Maldade hoje pensa consigo
Na grande injustiça
De ir se virando
Que nem no pão a lingüiça
E nunca mais Miami
Uma vez por mês
Enquanto em Inhaúma a Conceição folgada
Pega o celular
E com uma só ligada
Manda entregar
Lasanha
Picanha
Costela no bafo
E frango xadrez
Madame então se queixa
Não há nenhum respeito
Que já não se distingue o avesso
E o direito
E que a gente de bem descolada e distinta
Pode hoje em dia valer o mesmo que vale
Qualquer marginal
Vai dando faniquito
Não gosta nada disso
E diz que desde quando o elevador de serviço
Deixou de ser usado começou o enguiço
E todo mundo sobe pelo Social
Madame Maldade chegou na janela
Do apartamento
Deu aquela inspecionada
Ali no movimento
Foi até bater panela
Gritou palavrão
Madame Maldade postou no feicebuque
Seu descontentamento
Vestiu verde amarelo
Beijou o regimento
De tão descolada tirou selfie
Com o capitão
Madame não duvida
Do jeito que anda a vida
Só vai ter delivery pra essa gente fedida
Pedir bolsa-família, clínico cubano
Madame nem morta há de se conformar, que é daí
Pra pior
Madame não se entrega
Não quer dar de bandeja
E guarda a sete chaves toda a prataria
Não pensa fazer nunca o que a tal Baronesa
Fez com a sopeira que deu pra avó do Benjor