Perdi meus sonhos por aí
Será que alguém viu, será?
Será que deixei no trabalho antes de sair?
Será que foi quando eu desci do trem?
Perdi o meu sonho não consigo encontrar
Será que esqueci no coração de alguém?
Será? Será?
(Han) disseram que no futuro
Alguns sonhos serão proibidos
Travesseiros serão grampeados
E eles serão rastreados pelos algoritmos
De alguma máquina
Que tentarão reduzir nossos sonhos
E fabricar novos sonhos
Que se enquadrem no consumo
Dessa nova lógica
Acoplados com defeitos de fábrica
Mas não existe máquina
Capaz de traduzir o nosso riso, nossa lágrima
A nossa lúdica, nossa música, nossa mística
Nossa mágica
É por isso que eu amo
Por isso que eu componho
Não trabalho com senhas
Trabalho com sonhos
(E se alguém viu meu sonho por aí
Por favor, devolva-me, devolva-me
E se alguém viu meu sonho por aí
Por favor, devolva-me, devolva-me)
Não acredito em sonhos
A cadeia está cheio deles
Que viraram pesadelos
Mas aí que tá, sonhos tem asas
E não podemos prendê-los
Por mais que acorrentem nossos tornozelos
Não podemos vendê-los
Nem podemos comprar!
Mata um homem mas seu sonho
Não se pode matar!
(E se alguém viu meu sonho por aí
Por favor devolva-me, devolva-me
E se alguém viu meu sonho por aí
Por favor devolva-me, devolva-me)
Perdi meu sonho por aí
Será que eu deixei cair
Na fronha de um dia cansado
Ou larguei no meio de um busão lotado
Pois um busão cheio
É um cemitério de sonhos
Será que eu não vi
Que quando abri mão de quem sou
Meu sonho se cansou
E resolveu fugir
Como posso enxergar além?
Sem meus sonhos eu não sou ninguém
Tudo que tenho ofereço e disponho
Porém, eu imploro devolva meu sonho
Pois um sonho é tudo que um poeta tem!
(E se alguém viu meu sonho por aí
Por favor, devolva-me, devolva-me
E se alguém viu meu sonho por aí
Por favor, devolva-me, devolva-me)