Eu era menino e sonhei
Que a Peruchada fez de mim um grande rei
Um cardeal da Rua Zilda ao infinito
E a arquibancada hoje vem cantar comigo
Laroyê, eu sou cria do tambor
Alma que surgiu no universo de Olorum
Fruto da inspiração
Força da terra ancestral
Luta e orgulho, negro imortal
Eu vim, no vento tal poeira
Num ritual que atravessou o mar
África se espalha pelo mundo afora
A vida fez-se luz em Pirapora
Nossa Senhora, me consagrou
Um aprendiz da batucada me entreguei
Compositor do meu destino fui além
Hoje o couro vai comer, no terreiro do caqui
Bate o surdo nego, a Filial vem aí
É quilombola essa gente soberana
Gigante escola de samba
O tempo sombrio
Opressão e preconceito sobre nós
Invadiu a nossa casa destruiu
Tentaram calar a nossa voz
Laranja boa seu moço
Nosso quilombo resistiu
Na luta de um povo guerreiro que não desistiu
Ouço o repicar dos tamborins
Tantos carnavais, meu peito emana
A riqueza do amor mais bonito
Legado à nação que me aclama