E o tema da mensagem de hoje é
Cuidando do seu maior património
Como é que eu sei qual é o meu maior património?
Nosso maior património é aquele
Que nos faz ter maior atenção, maior investimento
Marcha lenta, reflexo de nada, só flex, só letra
Meu jogo de cor leva uma nota preta
Tu ainda és virgo, eu mastigo a malagueta (em nome do pai)
A hóstia hoje acompanha com caviar
Vais ter que aceitar esta pólvora
Eu hei de ir um dia, mas fica a obra
Já fodeste a jante com essa manobra
Pagaste a um jardineiro quando eras tu a cobra
Nunca se leva uma puta à ópera
Já vi que operamos diferente com o mesmo utensílio
Meu cachê não vale as roupas do meu filho
Por isso o meu trilho às vezes leva-me ao tio Emílio
Não me convém ser farejado por um canídeo
O dinheiro da música ou um vitral numa basílica
A consciência já não pesa, fado o talento que me iliba
Acendo o meu Nite, ajeito a jaqueta
Se o futuro era bright, agora cega-te a vista
(Huh) Teu excesso de atitude espiga a boulevard
Isso tá-me a atrapalhar, foca mais no teu placard
Enquanto eu corro pra ir buscar um sedã no Samucar
Ecrãs embutidos nos encostos de cabeça
Nada que o tio Diluva não mereça
Já senti a minha alma presa
Agora acordo como se tivesse mesmo a vir a sobremesa
Demos agora todos as mãos, irmãos
Deus me livre, ter património cadente
Não quero ser mais um ferido abatido na selva de cimento
Que se afogou no monopólio com o peso do pingente
Senhor, só quero ser eu mesmo, agora e pra sempre (mesmo)
Sou reservado, nunca foi pelas damas
Não foi febre, eu já suei nessas camas
Só que só durou umas semanas
Verdade é que só chulava e queria-me vir nas pestanas
Uh, drip não encomendas do eBay
Vou ter de te tirar daí, frutas no meu bolo-rei
Obsoleto como o Blu-ray
Tavas no folheto? Talvez, boy, não liguei
Isolei-me e fui ouvir My Way do Sinatra
Só me vês na red carpet com uma bitch mais alta
Pára tudo, fight na esplanada
O importante agora é que tu não prestas pra nada
Toda frita à frente da manada, ninguém resiste à panada
Machine afinada, o óleo tá quente
Sul e o Oriente, o move muda tudo como um puto desobediente
Foi desagradável não entrares neste episódio
Eu percebo o teu ódio, não dá pra dividir pódio
Tu até podes vir todo entupido de ópio
Faz-te falta o harmónio que te faz tornar património
O maior património que um homem possui
O maior património que um homem possui
É a sua própria alma
E como dono dela, o nosso Senhor
Garante um seguro vitalício e eterno
Quando é que aprendes? Que não é vender a alma
É pôr a alma no que vendes (é pôr a alma no que vendes)
Então pausa no teu browser
Não há cláusula que me enclausure
Não me aburgueso, eu tô no berço a ler o meu sermão
E eu não tô preso a um boss soberano
Eu não dou posse, eu não dou preço
Queriam que eu vendesse um mano e eu não sou esse irmão
Eu não sou esse mira (não)
Eu sou Corão, eu não me vendo
E o vento não me vira nem me vigariza
Uma divisão que eu não racho mais
Vida indie, não me endivida e eu taxo baixo
Não faz sentido editora pró som que um gajo faz
Eu entrego um álbum e ela o que é que me traz? Sofás?
No meu divã difiro ondas, no dele não vejo til
E eu vejo que ele só tem estilo têxtil
Num texto ele não dripa, nem vejo skill num tímpano
E os heys que ele ad-liba, galei nuns mil
Clones de ícones e há mil modos
Pra hoje em dia haverem mil bodes em Billboards
E likes malaicos de amigos hebraicos
Contratos antigos com artigos arcaicos
Tapar o bronze e ala
E à pala de umas plaquitas que ele pensa que nos iguala
Só fala em muitas visitas, é a nova Suzy Paula
Não é só musical a mala que o meu negócio embala
Tão sócio, gala o meu sacerdócio, não é só cigala
E eu nunca fui do jet set ou andei com a gente certa
Gente deserta pra deixar de ser mais uma etcétera (huh)
Essa fama engana, dá grana, mas só te afana bens
Que fama tens? A fama que só chama charlatães?
Pff, parabéns, leva um queijo e um Magalhães
Meus álbuns não serão alheios, mano, eu trabalhei-os
Pra um dia serem património igual a Guimarães
Talvez aprendas quando houver noção em giveaways
Paleios pra que anseies massa
Inventam prémios e querem que os pavoneies na praça
E o cortejo passa, num contexto de farsa
Quando eu te vejo, eu penso e peço um grande desejo de graça
Que Deus me livre de ter um património cadente
Não quero ser mais um que é só consumido ironicamente
Que enlouqueceu no moneycómio dum demónio influente
Eu só quero ser eu mesmo, agora e pra sempre (amém)
Há quem tenha que assinar a patente ou o negócio mara
Tenho a visão diferente, eu miro à frente como a Simara
E eu não vim pra te ensinar a ser igual a mim, mas
Na minha história não há final
Eu trago a história do Limahl, são vidas alcalinas
É a sina dum pro, amadureci
E mesmo assim ainda tô em cima na mó
Eu oxigeno o meu género
Ninguém me ensina um dó nem uma pequena tese
Eu sou mecenas, só peço apenas que a pena pese
Eu tenho a fé de um salmista que até um ateísta crê
Então não compares o meu disco ao teu, se é lixo gourmet
Tu queres saber a diferença e ninguém te diz porquê
Porque o meu rap fez escola, o teu fez a lista V (hahaha)